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Relações entre empregado e empregador na Idade Média? Ou uma espécie de relação pai-filho?

Na sociedade medieval os relacionamentos humanos não eram tanto baseados nos contratos de serviço, mas nos contratos pessoais em que um homem se dá inteiro e recebe uma proteção total. 

Patroa e criados na colheita: relacionamento
de alma
Hoje, os contratos entre patrão e empregado, ou entre patrão e patrão, empregado e empregado, são contratos trabalhistas, contratos de compra, venda, empréstimo, etc., e locação de serviços.

Esse tipo de contratos está restringido aos interesses e vantagens particulares legítimos.

Porém, não se pode dizer que atendem a todos os desejos de relacionamento que existem no homem. 

Trata-se de contratos legais onde o relacionamento de alma é secundário ou está ausente. Esta ausência deixa um vazio no espírito. 

A sociedade medieval apanhou perfeitamente essa ausência na locação de serviços entre empregador e empregado. 

Aliás, as palavras empregador e empregado são muito boas para o mundo do metal e do dinheiro.

Por exemplo, uma cozinheira que vai trabalhar a uma casa às tantas horas, faz o almoço todos os dias, sai, e volta para fazer o jantar. Depois ela recebe o pagamento no fim do mês. E com isto estão esgotadas as relações. 

O que o patrão faz fora do jantar, o que a cozinheira faz fora da hora de trabalho? Cada um ignora quase tudo a respeito do outro. 

A relação é: eu sou o que come e paga, ela é a que trabalha e vive do que eu dou para ela. Fora disto os contratos humanos estão inteiramente suspensos, não existem entre empregador e empregado.

Por isso o relacionamento é realmente entre empregador e empregado, porque a única relação que há é um emprego de caráter econômico. A expressão então é justa.

Mas, na Idade Média, a palavra patrão continha muito mais. Patrão vem da palavra latina pater, ou seja, pai, com todos os ponderáveis e imponderáveis que a palavra pai traz consigo. 

E a palavra criado vem da ideia de criação, quer dizer a pessoa criada dentro da casa, como uma espécie de filho ou filha, com todos os ponderáveis e imponderáveis dos relacionamentos que há entre pai, mãe e filhos.

Os patrões cuidavam dos criados como se fossem
outros filhos, dignificando-os
Então o contrato entre criado e patrão medieval tomava o homem todo também.

Quando o criado entrava a trabalhar na casa do patrão era obrigado, antes de tudo, a morar na casa dele, a viver uma vida entrelaçada com a dele, contente com todos os fatos bons para o patrão, triste com todos os fatos ruins para essa forma de pai.

O casamento de um filho ou de uma filha, um filho que se formava um bom negócio que o patrão fazia, uma viagem, uma promoção, era para o criado um título de alegria, e ele participava do feliz sucesso. 

Mas assim como o criado se dava completamente ao patrão, o patrão também se dava completamente ao criado.

E essa proteção atingia também aos filhos do criado, sua parentela, até mesmo quando, por alguma razão, ele deixava a casa.

Isto era algo muito semelhante, no nível doméstico ou do ofício, à vassalagem entre senhores feudais. 

O vassalo pertencia ao seu senhor e a quem o senhor pertencia. Não como escravo, mas numa situação que era, de certo modo, uma prolongação da paternidade.

Por outro lado, na escala da nobreza, era a mesma coisa dos nobres inferiores em relação aos superiores e assim por diante, até chegar ao rei.

Conta-se que na noite de 10 de agosto de 1792, quando os revolucionários foram atacar o castelo das Tulherias, este castelo estava cheio de nobres acorridos dos fundos das províncias, alguns trazendo armamentos do tempo das guerras de Religião.

Por quê? Porque eles consideravam-se pertencer inteiramente ao rei, porque participavam da pessoa e da dignidade do monarca. E, portanto, se sentiam obrigados a derramar pelo rei seu próprio sangue. 

Eles recebiam do rei todo o seu ser, tudo quanto eles eram. Mas de outro lado, eles davam tudo pelo rei. Era um contrato de homem a homem que toma por inteiro.

Episódios análogos se deram com os camponeses e domésticos defendendo as terras ou o castelo do patrão.
Relacionamento de alma, mais do que
de dinheiro

Todos estes traços característicos do relacionamento pessoal na sociedade medieval existiam na Igreja Católica. E, às vezes, tinham sido criados pela própria Igreja.

Depois do Vaticano II estabeleceu-se por via de fato, entre o bispo e seus padres uma relação mais parecida com o frio – mas legítimo – contrato entre empregador e empregado.

Porque o padre trabalha para o bispo. E o bispo é um gerente dos padres. Mas, como a palavra gerente diminui, depaupera, avilta a dignidade do bispo!

Como deforma a realidade dizer que o padre é um empregado do bispo!

Em sentido diverso, qual era o relacionamento medieval do padre com o bispo?

O padre se dá à diocese. E dando-se à diocese, ele se entrega e passa a pertencer ao bispo. E por isso, um padre diz a verdade quando diz que é padre de tal bispo.

Por outro lado, o bispo também se dá à diocese e ao seu clero. 

E por causa disto, o padre tinha uma dedicação pelo bispo que chega até ao derramamento de sangue. E vice-versa.

Muito mais frisante é isto nas Ordens religiosas, onde o religioso se dá à Ordem completamente na pessoa do abade ou superior, e onde o superior se dá à Ordem completamente. 

Estas relações se parecem extraordinariamente com o princípio da sociedade temporal medieval. E muitas vezes, foram os religiosos – notadamente, os beneditinos – que passaram esse relacionamento de alma à sociedade.

Não havia um contrato de trabalho meramente material, argentário ou de interesses. 

O contrato de trabalho é necessário, mas é apenas um dos elementos integrantes de toda uma situação humana de relações afetivas, de contatos morais, de gostos comuns, que se estabelecem na vida real sempre que dois ou mais se relacionam. 

Dessa maneira, temos uma noção muito mais verdadeira, aconchegante, simpática e protetora do que era a civilização medieval.

Fonte: http://cidademedieval.blogspot.com.br/

Você sabia que combate medieval é um esporte? E o Brasil quer participar.

 Os esportes de contato vivem um período de alta no Brasil, com o crescimento do público e do número de praticantes de três modalidades: MMA, futebol americano e rúgbi. E uma nova mania mais ousada está fazendo a cabeça de um grupo formado por 20 pessoas. Usando um pouco de cada um dos três esportes já citados, eles querem vestir armaduras e empunhar espadas e escudos em um evento que já tem status de mundial.
 É o Battle of the Nations, competição do que se chama de combate medieval. O evento estreou em 2009, com quatro países na disputa, e cresceu rapidamente ano a ano, a ponto de a edição de 2014 já contar com cerca de 20 nações no campo de batalha que será montado na Croácia.
Até os hermanos da Argentina entraram no Mundial, e agora é o Brasil quem quer fazer parte da batalha. Um grupo dividido em dois núcleos com atuações na cidade de São Paulo e no interior paulista quer virar a seleção brasileira de combate medieval. Mesmo que o país não tenha vivido uma Idade Média como a europeia – e nem os argentinos viveram, é claro – o gosto por história e especificamente por esta época é que os move.
João Uberti, um professor de inglês de 32 anos, está no meio destes 20 "guerreiros". Desde a adolescência ele aprecia as batalhas medievais e, quando soube de uma competição grande como o Battle of the Nations, viu a oportunidade de dar um passo além e experimentar de fato a emoção de lutar. Ele explicou ao UOL Esporte um pouco deste esporte que é novo, mas que bombou rapidamente na Europa e nos Estados Unidos.
O combate medieval tem uma longa lista de regras, que vai desde o modo de disputa a itens bastante específicos relacionados às armas e armaduras.
"Existem dois tipos principais de disputa: o duelo, que são combates individuais, e as batalhas em grupo, com times de vários tamanhos, sendo formados por equipes de cinco, 11 ou, na maior batalha, 21 contra 21", conta o paulista. "Na batalha, o objetivo é derrubar os adversários do outro time, e vence quem sobrar em pé, numa melhor de 3 rounds. No duelo, a meta é pontuar com golpes limpos no rival."
Se você já estava se preocupando com os riscos de uma luta com espadas e outras armas, pode ficar calmo. Ninguém está ali para se cortar, e o que importa é o impacto que estes objetos geram.
"As armas são de aço, sem fio, e as armaduras são totalmente fechadas. Elas absorvem boa parte do impacto, que é um impacto ainda capaz de derrubar uma pessoa, porém sem machucá-la", explica Uberti. "E existem muitas regras de segurança para garantir a integridade dos competidores. Por exemplo, não pode golpear no pescoço, nem na direção da cervical e não é permitido atacar com a ponta da espada, mesmo que ela não seja afiada."
O Battle of the Nations costuma ser realizado em um grande festival medieval, em que os trajes típicos e a cultura de várias épocas são trazidos aos dias de hoje. Toda esta preocupação também compete aos times que disputam o Mundial.
Tanto que não basta aparecer com uma armadura qualquer, é preciso que ela represente fielmente uma armadura que foi usada na Idade Média, gerando um grande trabalho de pesquisa em livros e museus. Isso faz com que o preço de se produzir um equipamento desses, que nos casos mais simples não sai por menos de US$ 1.500, cresça ainda mais de acordo com os detalhes que precisam ser ornamentados. Os reparos depois de cada combate encarecem ainda mais a modalidade.

Em campo, um competidor carrega cerca de 30 kg juntando armadura e elmo - tudo tem de ser feito de aço. Mas João Uberti explica que a distribuição de peso por todo o corpo faz com que não se sinta tantas dificuldades e que ainda assim é possível se movimentar com agilidade e atacar com precisão."As armas são de aço, sem fio, e as armaduras são totalmente fechadas. Elas absorvem boa parte do impacto, que é um impacto ainda capaz de derrubar uma pessoa, porém sem machucá-la", explica Uberti. "E existem muitas regras de segurança para garantir a integridade dos competidores. Por exemplo, não pode golpear no pescoço, nem na direção da cervical e não é permitido atacar com a ponta da espada, mesmo que ela não seja afiada."
O Battle of the Nations costuma ser realizado em um grande festival medieval, em que os trajes típicos e a cultura de várias épocas são trazidos aos dias de hoje. Toda esta preocupação também compete aos times que disputam o Mundial.
Tanto que não basta aparecer com uma armadura qualquer, é preciso que ela represente fielmente uma armadura que foi usada na Idade Média, gerando um grande trabalho de pesquisa em livros e museus. Isso faz com que o preço de se produzir um equipamento desses, que nos casos mais simples não sai por menos de US$ 1.500, cresça ainda mais de acordo com os detalhes que precisam ser ornamentados. Os reparos depois de cada combate encarecem ainda mais a modalidade.
Em campo, um competidor carrega cerca de 30 kg juntando armadura e elmo - tudo tem de ser feito de aço. Mas João Uberti explica que a distribuição de peso por todo o corpo faz com que não se sinta tantas dificuldades e que ainda assim é possível se movimentar com agilidade e atacar com precisão.

Fonte: http://esporte.uol.com.br/

Vila viaja até à Idade Média para celebrar 630 anos da Batalha dos Atoleiros

A vila alentejana de Fronteira vai fazer uma viagem no tempo até à Idade Média, entre sexta feira e domingo, por ocasião das comemorações dos 630 anos da Batalha dos Atoleiros.
Segundo o presidente da Câmara de Fronteira, Rogério Silva, o centro da vila vai ser o palco de uma feira medieval, que integra a recriação de uma torneio de armas a cavalo, um mer
cado de venda de escravos e a convocatória aos cavaleiros vilãos para a Batalha.
Música, dança, artes visuais, exposições e worhshops, são outros atrativos da feira medieval, na qual se inscreveram meia centena de expositores de vários pontos do país, com “bastante e diversificada oferta”.
Devido a condicionantes de ordem financeira o município optou por não fazer este ano a recriação histórica da Batalha dos Atoleiros, que passa a realizar-se de dois em dois anos.
O presidente da Câmara de Fronteira explicou que realizando apenas a feira medieval o investimento é de cerca de 25 mil euros, montante que sobe para perto de 100 mil euros se for feita a recriação histórica da Batalha.
Nesse sentido, e apesar de considerar a recriação histórica da Batalha dos Atoleiros, um “elemento importante” das comemorações, o autarca argumenta que neste momento de contenção é preciso “ter os pés bem assentes na terra”.
Do programa das comemorações dos 630 da Batalha dos Atoleiros destaque ainda para as cerimónias militares evocativas da efeméride agendadas para domingo na Avenida Heróis dos Atoleiros naquela vila alentejana.

Fonte: http://www.radioportalegre.pt/

Música artesanal

Um ofício medieval que entusiasma jovens universitários a se debruçarem sobre horas de estudos teórico e prático, em busca da excelência na construção de instrumentos musicais. Essa é síntese do que se observa em poucas horas diante de umas das turmas do curso de Luteria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), oferecido desde 2009 pela instituição e que tem o foco na produção de instrumentos de corda: violões, violinos e guitarras elétricas.
Assim como nos demais cursos de graduação, Luteria atrai desde jovens que não sabiam qual curso escolher no momento da inscrição do vestibular, até músicos ou pessoas que já tinham contato com a produção de instrumentos. Também há um grupo da terceira idade em busca de uma nova atividade profissional ou a realização de um sonho antigo que ocupam um percentual considerável das vagas.
Só que os três anos de duração do curso acabam promovendo uma segunda seleção entre quem desiste de se formar, dada a dificuldade (um terço da turma de 30 alunos não conclui), e os que se descobrem serem aficionados pela “alfaiataria da música” e, por conta própria, acabam dedicando uma jornada de 10 horas a 12 horas para a Luteria.
Tamanho engajamento levou os três colegas do quinto período a criarem uma oficina na república onde moram, localizada próxima à Escola Técnica da UFPR. “Criamos uma regra para evitar viciar trabalhar no domingo, já que seguimos direto na confecção no próximo instrumento”, comenta o estudante Lucas Guilherme Schafhauser, 26 anos, que veio de Rio Negro (PR) para cursar Luteria. Ele descobriu a vocação pela internet e passou a construir pedal de efeito e amplificador para guitarra. Mas pensar profissionalmente na construção de instrumentos veio após ingressar no curso.
Com o colega de turma e de república, Rômulo de Almeida Rabelo, 23 anos, o apreço pela luteria veio do interesse de “saber como as coisas funcionam”. “Fiquei fascinado com tudo que pesquisei pela internet sobre luteria e, quando descobri o curso da UFPR, ainda esperei um ano para poder me inscrever no vestibular daqui e passar a estudar luteria”, recorda o estudante, que saiu de Carmo do Cajuru, município do interior de Minas Gerais, para se instalar em Curitiba a fim de aprender a profissão incomum.
O terceiro integrante, Bruno Galli Nacli, 23 anos, também veio de uma cidade pequena, do interior paulista, chamada Macatuba (40 km de Bauru) para estudar luteria. “Eu tive muita dificuldade para acompanhar a turma porque não sabia muito bem qual profissão seguir”, revela. “Mas ao término do primeiro ano e do primeiro violão pronto, tive um sentimento maravilhoso, de escutar o som um instrumento produzido por mim. E todo o esforço de passar horas trabalhando naquilo foi recompensado”, acrescenta.
O sonho comum ao trio é produzir o melhor instrumento para ser tocado por um grande músico capaz de explorar da melhor forma possível a obra desses alfaiates da música. No caso do estudante mineiro, o artista que melhor utilizaria uma viola caipira produzida por Rabelo é Almir Sater. “Certamente eu saberia até onde um instrumento feito por mim poderia alcançar”.

Tem que estudar pra valer

O curso tem uma pesada carga teórica: classes de acústica, química aplicada, desenho técnico e até língua estrangeira. Tanto é que em sua primeira turma o curso teve cerca de 60% de evasão. “Muitos alunos caíam de paraquedas, sem saber do que se tratava, e acabavam desistindo”, conta o vice-coordenador Thiago Corrêa de Freitas. “Nosso objetivo é preparar profissionais para construção de instrumentos musicais de primeira linha para o mercado de restauração e produção de instrumentos de corda, por isso somos criteriosos na avaliação”, ressalta.
Os alunos começam a pôr a mão na massa – ou melhor, na madeira – já no primeiro semestre. Todos são incumbidos de construir um violão logo no começo do curso, tarefa que leva um ano inteiro. A partir do terceiro período, começam a fazer um instrumento por semestre. Apesar de haver poucas mulheres no curso, Thiago garante que a causa não é a falta de força física: o segredo da luteria está no jeito, na habilidade.

Fonte: www.cacadores.parana-online.com.br

Ossos de 800 anos pertencentes a monge medieval são descobertos no País de Gales.

Quando você caminha pela praia, pode esperar encontrar conchas na areia ou até mesmo pessoas atraentes, mas não ossos pertencentes a um cemitério medieval. No entanto, foi precisamente isso que uma mulher encontrou enquanto andava por Monknash, no sul do País de Gales. Surpresa, ela fotografou os dois fêmures cravados em um penhasco, e enviou as imagens ao arqueólogo britânico Karl-James Langford.
O pesquisador descobriu que o local tratava-se de uma espécie de cemitério medieval, e que os ossos pertenceram a um homem que viveu menos de 30 anos e tinha boa saúde. Acredita-se que ele era um monge da comunidade religiosa local, que viveu 800 anos atrás em algum penhasco próximo.
O local foi lar de uma comunidade de monges cistercienses entre 1129 até a dissolução dos monastérios, em 1535. Langford afirma que os ossos ficaram expostos depois de tempestades de inverno e a erosão que atingiu o penhasco. De acordo com o pesquisador, ninguém pode tocar ou escavar o local em que se encontram os ossos porque eles estão em uma posição perigosa. 

Fonte: http://www.ritosocultos.com.br/

Progresso e desenvolvimento das cidades na Idade Média

Construção de uma cidade medieval
A história da evolução de uma cidade na Idade Média é um dos espetáculos mais cativantes.

Cidades mediterrâneas, como Marseille, Arles, Avignon ou Montpellier, rivalizando pela sua audácia com as grandes cidades italianas no comércio de aquém-mar; centros de tráfico, como Laon, Provius, Troyes ou Le Mans; núcleos de indústria têxtil, como Cambrai, Noyon ou Valenciennes; todas demonstraram um ardor, uma vitalidade sem igual.

Obtiveram, além do mais, a simpatia da realeza. Já que as cidades libertas entravam na enfiteuse real, não procuravam elas por este fato, em seu desejo de emancipação, a dupla vantagem de enfraquecer o poder dos senhores feudais e aumentar com isso inesperadamente o domínio real?

Muitas vezes a violência é necessária, e surgem movimentos populares como em Laon e Le Mans. Mas freqüentemente as cidades se libertam por meio de trocas, por tratados sucessivos ou simplesmente a preço de dinheiro.

Aí ainda, como em todos os detalhes da sociedade medieval, a diversidade triunfa, pois a independência pode não ser inteira.

Mapamundi com cidades medievais
Tal parte da cidade ou tal direito particular permanecem sob a autoridade do senhor feudal, enquanto o resto volta para a comuna.

Um exemplo típico é o de Marseille.

O porto e o bairro baixo, que eram repartidos entre os viscondes, foram adquiridos pelos burgueses, quarteirão por quarteirão, e tornaram-se independentes, enquanto que o bairro alto permanecia sob o domínio do bispo e do capítulo, e só uma parte da baía, em frente do porto, ficou propriedade da abadia de São Vítor.

Em todo caso, o que é comum a todas as cidades é a diligência com que procuram fazer confirmar essas preciosas liberdades que adquiriam, e sua pressa em se organizar, escrever seus costumes, regular suas instituições a respeito das necessidades que lhes eram peculiares.

Seus usos diferiam conforme a especialidade de cada uma delas: tecelagem, comércio, metalurgia, aproveitamento do couro, estaleiros e outras.

Fonte: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge” - Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944


Assombrosa e deleitável desigualdade entre as cidades

A França conservou durante todo o Ancien Régime um caráter muito especial, derivado dos costumes particulares de cada cidade, fruto empírico das lições do passado e fixados independentemente pelo poder local, tendo em vista as necessidades de cada uma.
Esta variedade de uma cidade para outra dava ao nosso país uma fisionomia muito atraente e muito simpática. A monarquia absoluta teve a sabedoria de não tocar nos usos locais, de não impor um tipo de administração uniforme. Esta foi uma das forças e um dos encantos da antiga França.
Cada cidade possuía, num grau difícil de se imaginar em nossos dias, sua personalidade própria, não somente exterior mas interior, em todos os detalhes de sua administração, em todas as modalidades de sua existência.
As muralhas garantiam a autonomia da cidade,
inclusive face ao poder real ou feudal
Em geral elas são, pelo menos no sul, dirigidas por cônsules, cujo número varia: dois, seis, e algumas vezes doze; ou ainda um só reitor reúne o conjunto dos encargos em suas mãos, sendo assistido por um juiz representante do senhor, quando a cidade não possui a plenitude das liberdades políticas.
Bergheim, na Alsácia, França, é uma outra cidade
inteiramente diferente
Muitas vezes ainda, nas cidades mediterrâneas, recorre-se ao sistema de alcaides, instituição muito curiosa.
Em todo caso, a administração da cidade compreende um conselho eleito pelos habitantes — geralmente por sufrágio restrito ou a vários graus — e por assembléias plenárias, reunindo o conjunto da população, mas cujo papel é sobretudo consultivo.
As representações das corporações possuem sempre um lugar importante, e sabe-se bem qual foi o papel desempenhado pelo representante dos comerciantes em Paris nos movimentos populares do século XIV.
Obernai, na Alsácia, França, ainda conserva sinais
de sua originalidade
A grande dificuldade encontrada pelas comunas são os problemas financeiros.
Quase todas se mostram incapazes de assegurar uma boa gestão das riquezas, e além disso o poder é logo monopolizado por uma oligarquia burguesa, que se mostra mais dura para com o povo miúdo do que os antigos senhores feudais.
Daí a rápida decadência das comunas. Muitas vezes elas são agitadas por tumultos populares, e periclitam desde o século XIV, ajudadas nisso, é verdade, pelas guerras da época e pela enfermidade geral do reino.

Fonte: http://cidademedieval.blogspot.com.br/
 Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge” - Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944

O cavaleiro medieval

Responsáveis pela formação das forças militares de seu tempo, os cavaleiros medievais apareceram entre os integrantes da nobreza medieval. A princípio, além da origem nobiliárquica, um cavaleiro deveria ter treinamento e armas para ascender a tal condição. Em muitos casos, recebiam terras e direitos de cobrança para defenderem a propriedade de um senhor feudal. Ao longo do tempo, o alcance dessa prestigiada condição foi se cercando de maiores exigências.
Duelo entre cavaleiros: uma prática típica
do período medieval.
Por volta dos sete anos de idade, o jovem nobre iniciava a sua formação de cavaleiro exercendo as funções de um pajem. Já nessa primeira fase, ele aprendia sobre equitação e o manejo das armas utilizadas por um cavaleiro. Aos doze anos de idade o aprendiz era transformado em escudeiro. Nessa época, ele acompanhava o seu senhor nos campos de batalha e aprofundava os seus conhecimentos sobre o manejo da espada. Além disso, aprimorava a sua condição física em lutas, corridas e desafios de esgrima.

Entre os 18 e 20 anos, o escudeiro realizava a sua passagem da juventude para a idade adulta ao se transformar em cavaleiro. O ritual de sagração do cavaleiro era uma solenidade de grande importância, já que em algumas ocasiões chegava a contar com a ilustre presença do rei. Na noite anterior ao evento, o aspirante ficava em jejum e realizava a vigília das armas. Chegado o grande dia, o futuro combatente era desafiado em simulações de combate que comprovavam a sua eficiência.

No juramento, o senhor do cavaleiro reforçava a condição de submissão e lealdade do cavaleiro dando-lhe um tapa na cara, no ombro ou na nuca. Depois disso, era feito um proferimento em que o senhor reforçava a coragem e a lealdade pela invocação divina. Logo em seguida, o jovem subia em seu cavalo e saia cavalgando. Era assim que um membro da classe nobiliárquica se tornava mais um integrante das forças que protegiam as terras de seu tempo contra as invasões.

Nas situações de guerra, os cavaleiros eram organizados em diferentes postos de batalha. Tão importante quanto a sua posição e habilidades, um cavaleiro não poderia sobreviver muito tempo em guerra sem que estivesse acompanhado de seu cavalo. Se a sua montaria fosse perdida, a morte era quase certa. Ao fim do período medieval, a formação dos exércitos nacionais e a introdução das armas de fogo foram enfraquecendo a imagem do cavaleiro, que passou a figurar as lendas de uma época.

Fonte: www.historiadomundo.com.br

História dos Castelos

Castelo: residência fortificada do rei ou de um senhor feudal e dos membros de sua corte, construção comum em toda a Idade Média. Durante esse período, a Europa se encontrava em constante estado de guerra, o que tornou necessária uma construção capaz de resistir aos ataques e assédios. Além de servir de refúgio para o rei ou o senhor e sua corte, os castelos também desempenhavam outras funções, como prisão, guarda de riquezas, arsenais de munição e armas de guerra e mesmo centros de administração local.
Este esquema apresenta algumas das partes principais de um castelo medieval. A parte que mais se destaca é a torre da homenagem, uma fortificação que servia como último bastião de defesa. A maioria dos castelos eram cercados por um fosso, que só podia ser atravessado através de uma ponte levadiça. 

Castelo Bodiam: 
O castelo Bodiam construído, em Sussex, Inglaterra, durante o século XIV, foi um dos primeiros a aliar necessidades de defesa e conforto para seus moradores. O fosso e as altas muralhas garantiam a segurança mas havia, também, alojamentos cuidadosamente planejados no seu interior, inclusive um átrio e uma capela. O castelo foi parcialmente destruído no século XVII, durante a Guerra Civil inglesa, mas passou por uma restauração no início do século XX e foi doado à nação pelo Lord Curzon, um estadista inglês.

Link: http://www.historiadomundo.com.br/

O centro medieval de Rennes, a capital da Bretanha.

No século V, os Bretões, vindos do sudoeste da Grã-Bretanha, começaram a ocupar a enorme península no oeste da França, que começou a ser conhecida como Pequena Bretanha (Little Britany) e a região acabou ficando com esse nome. Em francês – Bretagne.
O centro histórico de Rennes não tem nenhuma construção do século V, mas é possível ver as casas em pan-de-bois, (que mal traduzindo, são construções em madeira) tradicionais da época medieval. 
Em Rennes, esse tipo de habitação se prolongou muito além dos limites da Idade Média, até o final de dezembro de 1720, quando um incêndio, que durou uma semana, daqueles bem tenebrosos, destruiu mais de 900 moradias e edifícios, incluindo a parte mais rica da cidade.
Depois do incêndio, começou a reconstrução da cidade. Desta vez, em pedra. As casas em madeira que ficaram, foram sendo recobertas de argamassa por seus ocupantes, a fim de proteger a estrutura do fogo e para, digamos, disfarçar a fachada, agora completamente diferente das novas construções. Só em 1970, a argamassa foi removida, e todos esses maravilhosos padrões de madeira das fachadas originais foram revelados.
 Bom, até hoje, boa parte das cidades que conheci aqui na Europa, já passou por terríveis incêndios, pestes e miséria, etc Mas o importante é que ainda há muito o que ver, e imaginar como viviam as pessoas nesse tempo. E isso simplesmente me fascina.

Fonte: www.maladerodinhaenecessaire.com/

Comemoração da Batalha de Ourique e Feira Medieval

No dia 3 de fevereiro, o Presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro, reuniu com representantes da organização da Comemoração da Batalha de Ourique e Feira Medieval, cuja 5ª edição decorrerá no próximo mês de julho, em Vila Chã de Ourique.

Na reunião estiveram presentes Hélder Anacleto e Carlos Ribeiro, do Centro Social Ouriquense e Alexandre Cabrita, da Ordem da Cavalaria do Sagrado Portugal.

Pedro Magalhães Ribeiro justificou o encontro com a vontade de que “a Câmara passe a ter um papel muito mais ativo e participante na organização deste evento”, acrescentando que “o trabalho que o Centro Social Ouriquense, apoiado fortemente pela Junta de Freguesia, tem desenvolvido nos últimos 4 anos, tem sido um trabalho de excelência”.

O autarca considera que este trabalho tem permitido não só “atrair centenas de visitantes ao concelho, mas também envolver a população, na criação de figurinos, roupas, cenários e mesmo nas encenações e atividades. Este trabalho voluntário dá a estas comemorações um caráter muito próprio, que considero essencial à consolidação e preservação dos nossos laços mais profundos enquanto comunidade”.

Nesta reunião foi discutido o modo como a Câmara vai assumir este maior envolvimento na Comemoração e Feira Medieval, evento que o Presidente da Câmara classifica como “um dos melhores momentos de celebração da nossa história, da nossa cultura e do nosso património, que encerra em si um enorme potencial turístico e que, apesar da sua identidade maior pertencer a Vila Chã de Ourique, deve ser uma comemoração de todo o concelho do Cartaxo.”

Nesta reunião ficou, também, entendido que esta 5ª edição deve contar com um envolvimento ainda maior das escolas, para que as crianças possam desde cedo aprender sobre a nossa história e identidade, assim como do movimento associativo que, no concelho, é muito dinâmico e diversificado na sua atividade o que permitirá “melhores resultados, pela união de esforços em torno de um mesmo projeto – ”, conforme referiu Pedro Magalhães Ribeiro.

Fonte: www.local.pt/

A vida urbana e a origem da burguesia medieval

Desde quando acabaram as invasões dos bárbaros, a vida organizada ultrapassou os limites do domínio senhorial. As famílias não se bastavam mais a si próprias.
Toma-se então o caminho da cidade, o tráfico comercial se organiza, e logo, vencendo as muralhas, surgem os burgos. 
Budapest, hoje capital da Hungria, na Idade Média
É então, a partir do século XI, o período de grande atividade urbana. Dois fatores de vida econômica, até aqui secundários, vão tomar uma importância de primeiro plano: o artesanato e o comércio. 
Com eles surgirá uma classe — a burguesia — cuja influência sobre os destinos da França será capital. Mas sua ascensão ao poder efetivo só começa na Revolução Francesa, da qual será ela a única a tirar benefícios reais.
No entanto, o poder da burguesia se origina muito anteriormente, pois desde o começo ela manteve um lugar preponderante no governo das cidades, uma vez que os reis, sobretudo a partir de Filipe o Belo, voluntariamente tornavam procuradores os burgueses, com seus conselhos, administradores e agentes do poder central.
Paris medieval
Ela deve sua grandeza à expansão do movimento comunal, do qual foi o principal motor. Nada de mais vivo e dinâmico do que esse impulso irresistível que, do século XI ao começo do século XIII, incita as cidades a se libertarem da autoridade dos senhores. E nada mais ciumentamente guardado do que as liberdades comunais, uma vez adquiridas. Os direitos devidos aos barões tornavam-se insuportáveis a partir do momento em que não se tinha mais necessidade da sua proteção.
Nos tempos de perturbações, outorgas e pedágios, eram justificados, pois representavam o gasto do policiamento das estradas.
Um comerciante espoliado nas terras de um senhor podia ser indenizado por ele; mas, nos tempos novos e melhores, devia haver um reajustamento, que foi obra do movimento comunal.
A burguesia foi a categoria social dominante nas cidades

Fonte: http://cidademedieval.blogspot.com.br/

Hospital da era das Cruzadas é descoberto em Jerusalém

Chefe do departamento de escavações de Israel apresenta grande hospital da era das Cruzadas recém-descoberto em Jerusalém. Arqueólogos acreditam que a estrutura descoberta é apenas uma pequena parte do complexo que foi o hospital, que parece abranger uma área que compreende um hectare e meio
Arqueólogos israelenses descobriram na velha Jerusalém uma estrutura de grandes dimensões que pertencia a um hospital do período das Cruzadas há cerca de mil anos
O hospital era muito movimentado e abrigava até 2 mil pacientes
O edifício, propriedade do Waqf, a autoridade de bens inalienáveis islâmicos, está situada no coração do bairro cristão da cidadela antiga de Jerusalém
Há cerca de dez anos, o lugar era ocupado por um movimentado mercado de frutas e verduras, mas desde então tenha ficado em desuso
Sua arquitetura é caracterizada por vários pilares e abóbadas de mais de seis metros, o que sugere que foi uma ampla estadia composta por pilares, quartos e pequenas salas

Fonte: www.noticias.terra.com.br/

Gondar, entre castelos medievais

O palácio do rei Fasiladas foi o primeiro a ser
levantado no topo da colina. A estrutura tem 32
metros de altura e possui uma sala de orações,
da qual o imperador podia observar as igrejas mais
importantes da cidade.
Depois das surpresas no lago Tana, fomos à Gondar para descobrir uma face diferente da Etiópia. A cidade foi a capital do país no reino do imperador Fasiladas, no século 17. Por estar situada em um importante entroncamento nas rotas de caravanas (entre o Sudão, a África e o Mar Vermelho), Gondar viveu grandes momentos de esplendor. O coração da cidade é o Recinto Real, onde reinam as construções de Fasiladas e de seus descendentes. São castelos, palácios, banhos, arquivos, igrejas e tumbas.
Como tem acontecido frequentemente nessa viagem, entramos no recinto medieval por uma das portas de fundo. Não é apenas o caminho mais curto, mas também o mais misterioso, com passagens estreitas e túneis escuros. Como já tínhamos pago as entradas, não estamos dando uma de penetra.
Nossa primeira descoberta é o Castelo de Mentewab (foto ao lado), construído pelo Imperador Bakaffa, que reinou entre 1721 e 1730.
A cada passo que damos, encontramos uma nova edificação. Se estivéssemos na Europa, perambular por esses castelos seria algo quase normal. Mas, o fato é que estamos na África! Quem poderia imaginar que existem, em plena Etiópia, castelos medievais desse calibre?
Desde 1979, o recinto real em Gondar é considerado como Patrimônio Mundial pela Unesco.

Fasiladas teve um papel predominante no mundo religioso. Tendo entrado em conflito com os portugueses que rondavam a região e depois banido os jesuítas, o imperador fortaleceu a igreja ortodoxa etíope, transformando-a em religião do estado.
O castelo de Fasiladas possui torres nos quatro cantos.
O arquiteto indiano combinou vários estilos, entre eles o árabe,
o português, o indiano e o etíope de Axum
A dinastia que seguiu a Fasiladas manteve a capital da Etiópia em Gondar e continuou construindo palácios e igrejas ao redor dos já existentes. A igreja Debre Berhan Selassie, uma das mais antigas e melhor preservadas, teria sido obra de Iyasu I, neto do imperador. Conta uma lenda que o templo estava prestes a ser destruído, durante uma invasão muçulmana, quando um assustador enxame de abelhas pegou os árabes de surpresa. Eles só tiveram uma opção: fugir e deixar a igreja intacta.
Quando entramos no interior, passamos a entender perfeitamente as razões do contra-ataque da rainha das abelhas. Todas as paredes estão finamente decoradas com pinturas que tem, pelo menos, dois séculos de idade (foto abaixo).

O teto  de Debre Berhan Selassie é ainda mais impressionante.
Querubins, desenhados no espaço entre as vigas que
suportam o telhado, parecem estar protegendo os fiéis,
com seus olhares arregalados.

Fonte: www.revistaepoca.globo.com

Manuscrito medieval é leiloado por mais de R$1 milhão em Londres

Um dos primeiros manuscritos medievais escritos em galês, intitulado de "As leis de Hywel Dda", foi leiloado nesta segunda-feira na casa Sotheby's, em Londres, por 541.250 libras (cerca de R$ 1,3 milhão).

Manuscrito em galês "As leis de Hywel Dda"
é leiloado por R$ 1,3 milhão em leilão de Londres
Trata-se de um pequeno livro de bolso que engloba o código legal adotado pelo rei galês Hywel Dda (Hywel o Bom, 880-950) no século X, que, segundo a casa de leilões, seguramente foi escrito por um escrivão para um advogado da Idade Média.

O tratado, que tinha um preço estimado de entre 500 mil e 700 mil libras (R$ 1,2 milhão e 1,7 milhão), foi oferecido a leilão pela Sociedade Histórica de Massachusetts, nos Estados Unidos, a fim de arrecadar fundos, e foi adquirido pela Biblioteca Nacional do País de Gales.

O manuscrito é o primeiro exemplar deste tipo a sair ao mercado em aproximadamente um século, e sua procedência dos Estados Unidos indica que foi levado para o país por colonizadores galeses no começo do século XVIII, segundo a casa de leilões.

Fonte: www.entretenimento.uol.com.br


Não havia higiene na Idade Média

Muita gente aprende nos bancos escolares ou em referências no cinema e em livros que os tempos medievais foram um zero à esquerda em matéria de asseio. Não é bem assim. Havia higiene na Idade Média, quando também se usava a água por prazer. Esse só não era um valor tão disseminado como hoje nas sociedades carentes, como em todos os períodos passados, de meios de educação abrangentes e democráticos.

Acervos preciosos de arte e objetos do período incluem itens usados na toalete de homens e mulheres, assim como iluminuras que representam pessoas se lavando. Os tratados de medicina e educação de Bartholomeus Anglicus, Vicente de Beauvais ou Aldobrandino de Siena, monges que viveram no século XIII, mostram uma preocupação real em valorizar a limpeza, principalmente a infantil.

Banho público na Alemanha.
Ilustração de manuscrito do século XV
A água era um elemento terapêutico e servia tanto para prevenir quanto para curar as doenças. Desenvolveram-se as estâncias termais e era recomendado e estimulado lavar-se regularmente. Como as casas não tinham água corrente, os grandes locais de higiene eram os banhos. Certamente herdados da Antiguidade, é provável que tenham voltado à moda graças aos cruzados retornados do Oriente, onde se havia conservado a tradição. Nas cidades, a maioria dos bairros tinha banhos públicos, chamados de “estufas”, cuja abertura os pregoeiros anunciavam de manhã. Em 1292, Paris, por exemplo, contava com 27 estabelecimentos. Alguns deles pertenciam ao clero. O preço da entrada era elevado, e nem todos podiam visitá-los com assiduidade.

Na origem, os frequentadores se contentavam com a imersão em grandes banheiras de água quente. O procedimento se aperfeiçoou com o surgimento de banhos saturados de vapor de água. Utilizava-se o sabonete ou a saponária, planta que fazia a água espumar, para um melhor resultado. Para branquear os dentes, recorria-se a abrasivos à base de conchas e corais.

Tal era o sucesso desses locais que a corporação dos estufeiros foi regulamentada. Eles tinham direito a preços predeterminados e o dever de manter água própria e impedir a entrada de doentes e prostitutas. A verdade, porém, é que as estufas foram se transformando cada vez mais em lugar de encontros galantes: os banhos em comum e os quartos colocados à disposição dos clientes favoreciam a prostituição.

No século XIV, recorreu-se a éditos para separar os homens das mulheres, mas foi durante o século XV que se verificou uma mudança de mentalidade. A Igreja endureceu suas regras morais, pois passou a ver com maus olhos tudo quanto se relacionasse com o corpo. E os médicos já não consideravam a água benéfica, mas sim responsável e vetor de enfermidades e epidemias. Segundo eles, os poros dilatados facilitavam a entrada de miasmas e impurezas.

A grande peste de 1348 recrudesceu esse entendimento. Desde então, passou-se a desconfiar da água, que devia ser usada com moderação. Os banhos declinaram e, pouco a pouco, desapareceram. Foi preciso aguardar o século XIX e o movimento higienista para que se produzisse uma nova mudança de mentalidade.

Fonte: http://www.uol.com.br/
Autor: Olivier Tosseri

A Morte Negra – O Triste Cotidiano Medieval

A fome, as pragas e os desastres causados pelos humanos criaram então problemas sérios, mesmo antes de 1348. A “peste negra” de 1348-1349 foi, claramente, uma grande catástrofe, mas a população tinha atingido o seu auge medieval alguns anos antes de ela surgir, em 1250, em zonas da bacia do Mediterrâneo, e entre 1275 e 1310, na maior parte do norte. A famosa peste “bubônica” foi apenas uma das três epidemias que surgiram em 1348. Começo na China, tendo trazido de lá para Gênova através das pulgas que vinham nos navios e que se alojavam no pelo de ratos castanhos. Por volta do verão de 1348, já se tinha espalhado pela França central e, no final de 1349, pelo resto da Inglaterra e dos Países Baixos. Alastrou-se depois para o nordeste, para a Escandinávia e a Europa eslava. Apareciam pústulas nas virilhas ou nos sovacos. Se rebentassem, a morte era inevitável; se não a recuperação era possível. Uma epidemia pneumônica, espalhada pelo contato humano através dos pulmões, e uma epidemia septicêmica, eram invariável e rapidamente fatais.

Durante todo este ano (1348) e o seguinte, a mortalidade de homens e mulheres, dos novos mais ainda do que os velhos, em Paris e no reino de França, e também, diz-se em outras partes do mundo foi tão grande que era quase impossível enterrar os mortos. As pessoas ficavam doentes apenas dois ou três dias e depois morriam subitamente, como se estivessem de perfeita saúde. Aquele que estava bem num dia morria no seguinte e era levado para a sua sepultura. [...]Esta praga e doença veio da ymaginatione ou associação e contágio, pois se um homem são visitava um doente apenas raramente evitava o risco da morte. Em muitas cidades, os padres temerosos retiravam-se, deixando o exercício das suas funções para religiosos mais corajosos. Em muitos locais nem dois de entre vinte conseguiam sobreviver. A mortalidade era tão elevada no Hôtel-Dieu em Paris que, durante muito tempo, se levavam diariamente mais de 500 mortos, devotamente colocados em carros, vagões, para serem enterrados no cemitério dos Santos Inocentes. [...] 
Muitas aldeias do campo e muitas casas em boas cidades ficaram vazias e desertas. Muitas casas, incluindo mesmo algumas magníficas habitações, depressa caíram em ruínas.

Em termos humanos, a peste foi um desastre. Poucas regiões foram poupadas, e a maioria delas perdeu entre um quatro a um terço da população. A mortalidade era mais alta nas cidades, muitas das quais perderam praticamente, metade de seus habitantes. Muitas aldeias inteiras deixaram, eventualmente, de existir, e muitas delas nõ 1348-1349, mas durante as várias pragas que se seguiram.

Fonte: www.pam-patrimonioartesemuseus.com/