
A única distinção estabelecida consistia nas retribuições: ensino gratuito para os pobres e pago para os ricos.
Esta gratuidade podia prolongar-se por toda a duração dos estudos, e mesmo para o acesso ao ensino, uma vez que às pessoas que têm a missão de dirigir e tomar conta das escolas o concílio de Latrão proíbe “exigir dos candidatos ao professorado uma qualquer remuneração pela outorga da licença”.
Há pouca diferença, na Idade Média, na educação dada às crianças de diversas condições.

É sem dúvida por isto que temos tantos exemplos de grandes personagens saídos de famílias de condição humilde:
— Suger, que governa a França durante a cruzada de Luís VII, é filho de servos;
— Maurice de Sully, o bispo de Paris que mandou construir Notre-Dame, nasceu de um mendigo;
— São Pedro Damião foi guarda-porcos na sua infância; e uma das mais vivas luzes da ciência medieval,
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— Gerbert d’Aurillac [Papa Silvestre II], é igualmente pastor;
— o papa Urbano VI é filho de um pequeno sapateiro de Troyes;
— e Gregório VII, o grande papa da Idade Média, era filho de um pobre cabreiro.
— Roberto, o Piedoso, compõe hinos e sequências latinas;
— Guilherme IX, príncipe da Aquitânia, é cronologicamente o primeiro dos trovadores;
— Ricardo Coração-de-Leão deixou-nos poemas,
— assim como os senhores de Ussel, dos Baux e tantos outros.
E há casos mais excepcionais, como o do rei da Espanha Afonso X, o Astrônomo, que escreve sucessivamente poemas e obras de direito, faz progredir notavelmente os conhecimentos astronômicos da época com a redação das suas Tables alphonsines (Tabelas afonsinas), deixa uma vasta Chronique (Crônica) sobre as origens da história da Espanha e uma compilação de direito canônico e de direito romano, que foi o primeiro Code (Código) do seu país.
Autor: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge” - Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944
Fonte: http://cidademedieval.blogspot.com.br/